quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Sinestesia


cada dia tem seu tom
toda cor, sua voz
cada som tem seu passo
em todo caminho o sol cai

cada fim de tarde é sentida
a saudade amarela 
o céu enrubesce
em cinzas o tempo se desfaz

cada dor cabe a nós
a vida não cabe mais
do presente transborda
ao passo do tempo
para trás


Renan Ramalho
Natal, 10.12

domingo, 20 de maio de 2012

Sem título. 05.12

Dentro do sapato há o ato de andar
Dentro do tablado há o ato, 
[segundo e terceiro ato
Dentro do retrato há a foto, não o fato.
Dentro do relato, não há fato.
Há paralaxe, para lá do acontecido.

Renan Ramalho
05.12

sábado, 21 de abril de 2012

Improviso


Improviso

Sem impor, sem aviso

Sem supor,

Sem pensar , sem pesar


O tropeço

Um novo passo

Renan Ramalho

02.12



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Saúde, verdade, saudade


“Este é efetivamente um problema: afinal, por que a verdade? Por que nos preocupamos com a verdade, aliás, mais do que conosco? E por que somente cuidamos de nós mesmos através da preocupação com a verdade?"
M. Foucault
Quanta certeza

Tanta verdade


Quânticas certezas

tântricas verdades


O amor se por inteiro nunca dói

dói a permanente falta

por vezes se esquece a dor

saúde

meios amores lembram que existe amor inteiro

saudade


tantas meias verdades

todas cheirosas, saudáveis

me lembram que existe verdade inteira

Platão brinca com ela toda

Deus diz que é coisa séria



Por falar em paradigmas, andei pensando numas certas semelhanças não tão filosóficas... só pra descontrair:

Clique na imagem se quiser vê-la maior:


Renan Ramalho
04.02.10

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Pintura sem título



Quando eu fiz esse blog, tinha a pretensão de postar unicamente poesias. Entretanto, me dá uma tristeza vê-lo tão abandonado, por isso vou postar produções minhas de outra natureza. Gosto de poesia porque gosto de arte, mas ela não foi a primeira, nem será a última, forma pela qual eu bem ou mal me aventuro. Desta vez vou mostrar a vocês uma pintura que fiz nesses dias de férias. Na falta de material adequado eu arranquei o papel que estava colado em um pedaço de madeira e pintei por cima, ainda com restos de papel e cola; usei tinta para tecidos.

Natal,12.09
Renan Ramalho

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Linguagem e despropósito


Arte pra que?
Quem come poesia?
Por que melodias?

A poesia do coração cheio
Pela arte, o estômago vazio
O traço do braço vadio
O compasso dos dedos trastejantes

Destratantes de cordas e versos
A crise alimenta a poiética
A arte se é ética ou estética,
se mescla a devaneios errantes

Inconstantes métricas dilaceradas
Dissonâncias de acordes conflitantes

Se vale ou não vale...

Se a mente tanto fala e não bate
O coração tanto treme que se mantém calado

poesia é caroço, é ação
é coração em mil decibéis
razão nos compassos binários
dos traços revoltos

couraça de estética na ética dos sentimentos
por isso linguagem
por isso humano
por isso útil



Natal, 14.09.09

Renan Ramalho